Bairro terá a 3ª maior área verde da cidade; prefeito quer que movimentos sociais da Cúpula dos Povos ocupem local
![Obras no Parque Madureira em fase final: foram plantadas palmeiras, e a inauguração da terceira maior área verde do Rio, com 103 mil metros quadrados, está prevista para junho
Foto: Custódio Coimbra / O Globo](http://oglobo.globo.com/in/4707286-b9e-417/FT500A/2012041784920.jpg)
RIO - Se as atenções das delegações internacionais durante a Rio+20 estarão naturalmente voltadas às belezas das praias e à exuberância da Floresta da Tijuca, a prefeitura tentará fazer os visitantes olharem 27 quilômetros além de Copacabana, rumo ao interior e longe da brisa marinha. Projeto que será apresentado como exemplo de obra sustentável, o Parque Madureira terá centro de visitantes com iluminação gerada pela energia solar, sistema de irrigação que evita desperdícios, reúso de água da chuva e 400 lâmpadas LED — que consomem cerca de 50% a menos de energia do que as comuns.
Ocupação do solo de Madureira chega a 98%
O prefeito Eduardo Paes garante que o parque será entregue à população no início de junho — as obras, em fase final, estão sendo tocadas pela Delta — e avisa: o espaço está à disposição da Cúpula dos Povos, movimento organizado pela sociedade civil, paralelo à conferência oficial das Nações Unidas.
— Esse é um exemplo de como as cidades podem e devem ser capazes de criar áreas verdes em regiões muito adensadas. No Parque Madureira, a preocupação ambiental está nos mínimos detalhes. Por isso, nós queremos que esse espaço também seja aproveitado durante a Rio+20. Vou sugerir que a Cúpula dos Povos se expanda até lá.
A expectativa da prefeitura é que o parque cumpra os requisitos para a conquista do selo Aqua (Alta Qualidade Ambiental), desenvolvido pela Fundação Vanzonili, em parceria com a Escola Politécnica da USP e o francês Centre Scientifique et Technique du Bâtiment (CSTB). As obras estão a pleno vapor, e a área de lazer deve ser inaugurada no início de junho. O selo Aqua é um certificado sustentável adaptado ao Brasil e criado em 2008. Para ganhar o reconhecimento, a prefeitura se comprometeu, por exemplo, a não comprar mudas ou materiais de fornecedores numa distância maior do que 300 quilômetros, medida que evita a emissão de gases do efeito estufa.
De acordo com o engenheiro Mauro Bonelli, um dos responsáveis pelo projeto, o parque, que será o terceiro de maior área da cidade, perdendo apenas para o Aterro do Flamengo e a Quinta da Boa Vista, foi todo concebido com lógica sustentável.
— A ocupação do solo na região de Madureira chega a 98%. São lojas, casas e quase nada de verde. Além de dar um colorido ao bairro, o parque terá seu lado sociocultural. Teremos um palco do samba que será usado pela Portela e pelo Império Serrano. Teremos ainda uma biblioteca digital com teto verde. É um mundo — resume.
Moradores temem falta de segurança nos arredores
O parque está sendo construído em paralelo à linha férrea do ramal Belford Roxo e à Rua Conselheiro Galvão numa área de 103.500 metros quadrados — equivalente a 12 campos de futebol. Ocupará um trecho longitudinal de 1.350 metros, um terreno que pertencia à Light e abrigava torres de transmissões, embaixo das quais moradores da Vila das Torres, uma comunidade com 580 casas, cultivavam hortaliças.
As desapropriações começaram em 2010. A costureira Neula Gomes de Vasconcelos foi uma das primeiras a sair. Usou a indenização de R$ 47.500 para ajudar a pagar uma casa em Honório Gurgel, depois de 36 anos debaixo das linhas de transmissão. Questionada sobre o impacto do parque em Madureira, Neula aponta que a segurança aos frequentadores deve ser o motivo de maior preocupação da prefeitura.
— Vai ser uma área de risco, pode virar uma cracolândia — alerta, destacando a proximidade da área de lazer com morros do Cajueiro e da Serrinha, dominados por traficantes de drogas. — A prefeitura podia ter melhorado as nossas condições e não ter tirado a gente dali. Madureira é o melhor lugar para se morar, tem comércio perto e muita condução.
Menina dos olhos do portelense Eduardo Paes, a área verde ainda é vista com desconfiança por seus vizinhos. A comerciante Denise Fernandes, moradora da Rua Guarapari, que circunda o Shopping Madureira, também pede reforço na segurança:
— O crack está invadindo o bairro. O projeto do parque é bom, uma maravilha. Mas, se não tivermos segurança, não vai adiantar nada.
Subcomandante do 9º BPM (Rocha Miranda), o major Silva Júnior reconhece que o Morro do Cajueiro tem pontos de vendas de crack e que usuários da droga costumam dormir nas ruas do bairro, principalmente nas proximidades do Mercadão de Madureira. Mas, acrescentou, que a PM apoia as ações de recolhimento da Secretaria municipal de Assistência Social:
— Ainda não traçamos uma estratégia de policiamento específica para o Parque Madureira junto à prefeitura. Mas estamos dispostos a colaborar.
A Secretaria de Segurança não informou se os morros de Madureira estão nos planos para receber Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs). Recentemente, uma guerra entre facções criminosas rivais deixou moradores em pânico.
Cercado por telas de três metros de altura, o parque terá quatro entradas. O investimento total chega a R$ 100 milhões. Além de uma área verde de 37 mil metros quadrados, haverá espaços destinados às práticas esportivas — inclusive um campo de futebol de grama sintética — e à educação ambiental. Uma pista de skate, com 3.850 metros quadrados, um anfiteatro e um centro de educação ambiental fazem parte do pacote.
Doze campos de futebol oficiais
É esse o tamanho total da área do Parque Madureira. Será a terceira maior área de lazer da cidade em extensão, perdendo apenas para o Parque do Flamengo e a Quinta da Boa Vista. Entre vias movimentadas, a área proporcionará um alívio no calor, que também é marca registrada do bairro da Zona Norte.
O parque será uma mancha verde em meio ao mar de concreto. Está sendo desenvolvido um sistema de irrigação computadorizada, com captação de água da chuva. Também serão instaladas placas de energia solar no centro de visitantes e 400 pontos de iluminação LED.
fonte:www.oglobo.com.br
G00026 Kátia Mendonça
Ocupação do solo de Madureira chega a 98%
O prefeito Eduardo Paes garante que o parque será entregue à população no início de junho — as obras, em fase final, estão sendo tocadas pela Delta — e avisa: o espaço está à disposição da Cúpula dos Povos, movimento organizado pela sociedade civil, paralelo à conferência oficial das Nações Unidas.
— Esse é um exemplo de como as cidades podem e devem ser capazes de criar áreas verdes em regiões muito adensadas. No Parque Madureira, a preocupação ambiental está nos mínimos detalhes. Por isso, nós queremos que esse espaço também seja aproveitado durante a Rio+20. Vou sugerir que a Cúpula dos Povos se expanda até lá.
A expectativa da prefeitura é que o parque cumpra os requisitos para a conquista do selo Aqua (Alta Qualidade Ambiental), desenvolvido pela Fundação Vanzonili, em parceria com a Escola Politécnica da USP e o francês Centre Scientifique et Technique du Bâtiment (CSTB). As obras estão a pleno vapor, e a área de lazer deve ser inaugurada no início de junho. O selo Aqua é um certificado sustentável adaptado ao Brasil e criado em 2008. Para ganhar o reconhecimento, a prefeitura se comprometeu, por exemplo, a não comprar mudas ou materiais de fornecedores numa distância maior do que 300 quilômetros, medida que evita a emissão de gases do efeito estufa.
De acordo com o engenheiro Mauro Bonelli, um dos responsáveis pelo projeto, o parque, que será o terceiro de maior área da cidade, perdendo apenas para o Aterro do Flamengo e a Quinta da Boa Vista, foi todo concebido com lógica sustentável.
— A ocupação do solo na região de Madureira chega a 98%. São lojas, casas e quase nada de verde. Além de dar um colorido ao bairro, o parque terá seu lado sociocultural. Teremos um palco do samba que será usado pela Portela e pelo Império Serrano. Teremos ainda uma biblioteca digital com teto verde. É um mundo — resume.
Moradores temem falta de segurança nos arredores
O parque está sendo construído em paralelo à linha férrea do ramal Belford Roxo e à Rua Conselheiro Galvão numa área de 103.500 metros quadrados — equivalente a 12 campos de futebol. Ocupará um trecho longitudinal de 1.350 metros, um terreno que pertencia à Light e abrigava torres de transmissões, embaixo das quais moradores da Vila das Torres, uma comunidade com 580 casas, cultivavam hortaliças.
As desapropriações começaram em 2010. A costureira Neula Gomes de Vasconcelos foi uma das primeiras a sair. Usou a indenização de R$ 47.500 para ajudar a pagar uma casa em Honório Gurgel, depois de 36 anos debaixo das linhas de transmissão. Questionada sobre o impacto do parque em Madureira, Neula aponta que a segurança aos frequentadores deve ser o motivo de maior preocupação da prefeitura.
— Vai ser uma área de risco, pode virar uma cracolândia — alerta, destacando a proximidade da área de lazer com morros do Cajueiro e da Serrinha, dominados por traficantes de drogas. — A prefeitura podia ter melhorado as nossas condições e não ter tirado a gente dali. Madureira é o melhor lugar para se morar, tem comércio perto e muita condução.
Menina dos olhos do portelense Eduardo Paes, a área verde ainda é vista com desconfiança por seus vizinhos. A comerciante Denise Fernandes, moradora da Rua Guarapari, que circunda o Shopping Madureira, também pede reforço na segurança:
— O crack está invadindo o bairro. O projeto do parque é bom, uma maravilha. Mas, se não tivermos segurança, não vai adiantar nada.
Subcomandante do 9º BPM (Rocha Miranda), o major Silva Júnior reconhece que o Morro do Cajueiro tem pontos de vendas de crack e que usuários da droga costumam dormir nas ruas do bairro, principalmente nas proximidades do Mercadão de Madureira. Mas, acrescentou, que a PM apoia as ações de recolhimento da Secretaria municipal de Assistência Social:
— Ainda não traçamos uma estratégia de policiamento específica para o Parque Madureira junto à prefeitura. Mas estamos dispostos a colaborar.
A Secretaria de Segurança não informou se os morros de Madureira estão nos planos para receber Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs). Recentemente, uma guerra entre facções criminosas rivais deixou moradores em pânico.
Cercado por telas de três metros de altura, o parque terá quatro entradas. O investimento total chega a R$ 100 milhões. Além de uma área verde de 37 mil metros quadrados, haverá espaços destinados às práticas esportivas — inclusive um campo de futebol de grama sintética — e à educação ambiental. Uma pista de skate, com 3.850 metros quadrados, um anfiteatro e um centro de educação ambiental fazem parte do pacote.
Doze campos de futebol oficiais
É esse o tamanho total da área do Parque Madureira. Será a terceira maior área de lazer da cidade em extensão, perdendo apenas para o Parque do Flamengo e a Quinta da Boa Vista. Entre vias movimentadas, a área proporcionará um alívio no calor, que também é marca registrada do bairro da Zona Norte.
O parque será uma mancha verde em meio ao mar de concreto. Está sendo desenvolvido um sistema de irrigação computadorizada, com captação de água da chuva. Também serão instaladas placas de energia solar no centro de visitantes e 400 pontos de iluminação LED.
fonte:www.oglobo.com.br
G00026 Kátia Mendonça
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